Voltei a abrir o móvel da sala e voltei a pegar com todo o cuidado na caixinha de madeira onde dormem tranquilamente as tuas cartas. Desta vez li-as todas uma por uma e deixei as gargalhadas fluirem. É impossível ler o que escreveste no passado sem rir com aquela vontade espontânea. Não sei quanto tempo estive assim, apenas sei que quando voltei a guardá-las as risadas que invadiram o meu espaço deram lugar à nostalgia. Não gosto nada de sentir saudades. Levantei-me num ápice, pus a roupa mais bonita que encontrei, calcei os melhores sapatos e não, não pintei os lábios de vermelho, saí para a rua e dirigi-me ao parqueamento. Entrei no carro e olhei para os três cd's inertes em cima do banco e entre Iron Maiden, The Sisters of Mercy e Reamon decidi-me pelo último. E com a música em decibéis mais p'ro alto que p'ro baixo, palmilhei alguns kilómetros sem saber bem por onde andei. Senti-me livre e com forças para continuar. Ao regressar a casa respirei fundo e interiorizei que a vida é fácil de viver... há sim que saber aproveitá-la até ao tutano e viver os momentos que nos fazem felizes ainda que sem sabermos.
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