Sábado, 12 de Fevereiro de 2011

Era uma vez...

"Entardecia devagarinho na floresta de árvores centenárias e frondosas. A imensa humidade que se sentia fazia crescer altivos os cogumelos que ela colhia e colocava na cesta com todo o cuidado. Continuando curvada e após a cesta cheia dedicou-se à apanha de ervas de todos os sabores e feitios que utilizava para os seus chás milagrosos. Todos os dias recebia gentes da vila que se dirigiam à sua casa cuidada bem situada no coração da floresta. Iam em busca de cura para as maleitas de que padeciam. Depois de as apanhar e ao chegar a casa, colocava-as em saquinhos de papel pardo que comprava na vila distribuindo-os em cestas variadas para a venda quase diária que lhe dava o sustento.

Quem bebe aqueles chás fica curado, comentava-se na vila. Havia quem lhe chamasse curandeira, outros havia que lhe chamavam bruxa. Nunca fizera nada para que a rotulassem assim, era apenas a maldade a brotar da boca de quem não lhe queria bem. Não percebia porquê. Seria porque escolhera viver isolada na floresta que há tantos anos a acolhia? Ninguém sabia que o  fizera para esquecer um grande amor... e  apesar de tudo ainda não o esquecera. Esperaria por ele a vida inteira. Era o coração que lhe dizia.

Era amada por muitos, odiada por alguns. Aprendera a viver com aquela mágoa e assim seria até ao fim. Cumpriria o seu destino. No entanto não se sentia só, pois sabia que todos os dias alguém lhe bateria à porta com aquela devoção profunda de quem acredita na cura dos seus males.

A noite caiu densa na floresta de ervas mágicas. Pôs o xaile sobre os ombros e sentou-se na velha cadeira que descansava no alpendre. Da chávena que segurava na mão esguia fumegava um aroma que ajudava quem não dormia em paz, que ajudava quem ainda acreditava no regresso de um grande amor."

- Vô, ela não era bruxa pois não? Contas-me outra história de fadas e duendes?

E o avô com uma paciência infinda começou como começam todas as histórias... era uma vez...

 

Texto escrito para a Fábrica de Histórias

 


escrito por ónix às 00:36
De Raquel a 13 de Fevereiro de 2011 às 22:39
Muito bonito... descreves muito bem cada promenor e inseres o leitor dentro da história.

Gostei bastante ;)


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