Sábado, 6 de Agosto de 2011

Histórias ou estórias, quem sabe

Sentou-se num banco da antiga praça e olhou em seu redor sentindo um apertozito no peito. Vivera ali momentos felizes com imensas gargalhadas, nunca os iria esquecer. Observou os cafés e as esplanadas, os hotéis e o cinema, o clube outrora frequentado pelos meninos  que pensavam que eram bem, a farmácia agora abandonada. Fixou o olhar cansado naquela porta, a que fazia esquina e que fora em tempos a loja do seu tio Godofredo. Tinha uma placa pendurada por cima da porta que dizia "selos", daquelas que abanavam docemente ao sabor do vento e continuou a olhar com nostalgia conseguindo imaginar e relembrar a tia Elvira à soleira da porta, quem sabe à espera de um cliente, talvez à espera de alguém conhecido a quem dar dois dedos de conversa. Subiu a ladeira calcetada com o mesmo olhar cheio de saudade e observou o castelo único na sua imponência. Tantas tardes bem passadas com a rapaziada junto ao velho relógio de sol... se calhar esperavam a visão da moura encantada num fim de tarde de um dia qualquer. Conheciam bem a lenda, eram os velhos da praça que contavam. Não conseguiu evitar um sorriso.

Continuou a imaginar a praça num passado já longínquo e sentiu saudades de tudo e de todos, de uma vida saudável e inocente com muitos risos à mistura.

Chamaram-lhe entretanto a atenção as árvores plantadas por ali. Não conhecia de todo a espécie. Poderia imaginar faias ou castanheiros, mas aquelas... parece que são jacarandás, ouviu dizer. Respirou fundo e recostou-se de forma confortável repousando a cabeça na parte superior do banco de jardim. Fechou os olhos e tentou imaginar... talvez quando os jacarandás da praça florirem em todo o seu esplendor a velhinha praça fique com outro ar, mas nunca em tempo algum com ou sem jacarandás, se poderá comparar à bela praça de outrora.

 

 

Autores contemporâneos torrejanos, e não só, escreveram um livro de histórias ou estórias acerca da nossa praça com título e obrigatoriedade da frase " Quando os jacarandás da praça florirem em todo o seu esplendor". Hoje li-o de fio a pavio e apteteceu-me escrever... não me levem a mal.

 


escrito por ónix às 00:19
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19 comentários:
De viajanteintemporal a 6 de Agosto de 2011 às 01:29
Olá amiga!
Há muito tempo que não escrevias. Que bom que é voltar a ler-te. É sempre um prazer passar por aqui.
Beijinhos grandes


De ónix a 6 de Agosto de 2011 às 01:32
Alô,alô
Sabes, não tenho tido tempo nem vontade. Agora que estou oficialmente de férias as coisas mudam de figura. Ainda bem que vais continuando a passar...também gosto de "viajar" pelo teu cantinho.
Bjinhos


De Ametista a 6 de Agosto de 2011 às 01:42
Agora fiquei extremamente comovida e uma lágrima teimou em cair..
Lindo o teu texto, maravilhosa a forma como descreves tão bela recordação, mana..
Já nada é como dantes.. e nada se voltará a repetir.. triste :(
E o saudosismo vai deixando aquela ferida..

@doro.ti, minha querida ónix


De ónix a 6 de Agosto de 2011 às 01:47
Alô miúda
Pois...nada como dantes. E esta saudade é do caraças. Mas contra isto, nada a fazer por isso temos de andar para a frente e não para trás. Toca a sacudir tudo o que já foi, se tal for possível.
Te amanhã


De Cláudio a 6 de Agosto de 2011 às 19:36
Tudo se transforma. Muito bonita a descrição da praça da tua cidade. Para quem a viveu, despertarás certamente boas recordações. Para quem pouco ou nada conhece, o teu texto faz aguçar a imaginação. Um beijinho Ónix.


De ónix a 8 de Agosto de 2011 às 00:13
Pois é Cláudio, a praça da minha cidade é de facto bela e quem nela passa tem necessidade de parar e recordar o passado, mesmo que não queira.
Beijinho para ti


De artesaoocioso a 6 de Agosto de 2011 às 23:03
Cara amiga,
Existe transmissão de pensamento? É mais ou menos assim que irei sentir-me, brevemente, na veneranda praça.
A diferença é que não saberei descrever com a beleza que o faz.
Abraço


De ónix a 8 de Agosto de 2011 às 00:16
João
Com certeza que as recordações virão todas à sua memória e vai notar grandes diferenças... a vida é assim e oxalá lhe faça bem voltar à cidade que o marcou na juventude.
Abraço


De Closet a 6 de Agosto de 2011 às 23:32
Olá Ónix, eu que entrei e comecei a ler a pensar ser já um texto para a Fábrica... de tão boa que estava a descrição do espaço, apeteceu-me conhecer essa praça e contemplar os jacarandás (fizeste-me ir à google pesquisar essa árvore, as flores são lindas!). Beijinhos


De ónix a 8 de Agosto de 2011 às 00:18
Olá closet
Obrigada por gostares e por teres passado...é uma praça muito bonita e com imensas histórias para contar. Sim, a flor lilás do jacarandá é linda.
Beijinhos


De Averse a 8 de Agosto de 2011 às 09:32
Olá!!

"tio Godofredo" !?!?! :D:D o homem existe mesmo ou a tua criatividade perdeu os limites? :D

Não conheço a tua cidade... mas se fizer juz ás tuas palavras tenho que começar a pensar em conhecer, para tirar as fotos à tia Elvira como é obvio!! :D

Espero que esteja tudo bom contigo
Beijo








De ónix a 8 de Agosto de 2011 às 22:57
Olá,olá
O tio Godofredo e a tia Elvira eram pessoas maravilhosas e eram os donos da casa que vendia selos. Já faleceram.
Sim, esta praça é muito bonita sem dúvida. Então e o teu blog? Encerrou mesmo?
Bjokas


De averse a 9 de Agosto de 2011 às 17:25
O meu blog... encerrou mesmo!
as fotos e as ideias ainda vão surgindo, mas ficam umas guardadas no pc outras na memoria :D

Mas ainda bem que existem pessoas que vão mantendo os espaços :D, e melhor como tu que escreves sempre muito bem

beijo


De ónix a 9 de Agosto de 2011 às 23:00
Pena :( mas quem sabe um dia voltarás.
Beijinhos e tudo a correr bem na tua vida


De flordocardo a 20 de Agosto de 2011 às 20:45
Foi um prazer ler-te tantos dias depois, eu que não tenho tido tempo nem disposição para visitar blogues. Um grande abraço, eu estou melhor , Bejões!!!!


De ónix a 1 de Setembro de 2011 às 13:49
E é um prazer ter-te por aqui... e que volte a disposição e a saúde para nos visitares, sim?? Fico feliz por saber que estás melhor. Bjokas


De onda_azul a 19 de Outubro de 2011 às 23:08
Gsotei muito e obrigado por escreveres, não tens de pedir desculpas, eu é que te agradeço e confesso que já tinha saudades de ler-te ao som desta música reconfortante

Beijinhos


De ónix a 20 de Outubro de 2011 às 21:51
As tuas palavras também têm sempre aquela carga reconfortante. Que estejas bem
Abraço


De onda_azul a 21 de Outubro de 2011 às 19:50
ainda bem, fico contente com isso

Beijinhos


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