As botas grosseiras e gastas iam deixando marcas no caminho que percorria na noite gélida. As chaminés das casas fumegavam e os telhados cobertos de branco curvavam-se ao seu passar. Farrapos de neve tinham caído durante todo o dia prolongando-se silenciosos pela noite dentro. Com o bafo aqueceu as mãos e tentou aquecer a alma. Ia espreitando aqui e ali observando através das janelas, gentes que soltavam gargalhadas e conversavam no quente dos seus lares. A comida e a bebida abundavam contranstando com o verdadeiro sentido da noite que diziam ser santa. Sorrisos de escárnio e ambição apoderavam-se de cada ser que silenciosamente observava e silenciosamente condenava. Todos os anos se obrigava a fazer aquela caminhada batendo de porta em porta sem que a necessidade o obrigasse, mas por uma curiosidade desmedida. Poucos eram os que lhe abriam a porta, raros os que lhe dirigiam a palavra quando o faziam. Continuou o seu caminho rumo a casa. Também esta fumegava tendo no seu interior todo o conforto que um homem deseja ter. Descalçou as botas e sentou-se no velho cadeirão junto à lareira. Colocou a mão sobre o coração... batia descompassado, talvez de emoção ou de desencantamento, quem sabe. Desencantamento do mundo e dos homens, das atitudes e dos sentires. Sentiu-se no entanto feliz. Feliz por ser quem era, feliz pelo bater do seu coração que tinha a certeza ser do tamanho do espírito daquela noite especial.
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