Hoje olhei-me ao espelho e nele vi reflectida a imagem da mulher que sou. Reparei no meu olhar sonhador e sorri. Concentrei-me no sorriso... é transparente como as águas límpidas de um rio. Continuo a olhar-me e relembro a menina que fui e olho fixamente a mulher que sou. E penso no que ganhei ao longo dos anos, ao longo da vida. E foram tantas as coisas ganhas... bem mais do que às vezes imagino.
Ganhei vontade de lutar por uma vida digna e mais justa, ganhei amizades insubstituíveis por vezes difíceis de conquistar, ganhei aquele amor imensurável de todos os que são parte de mim e ganhei sobretudo a capacidade de sonhar e alcançar!
Para o Caravaggio... foi quem me incentivou a escrever este repto.
Daqui a alguns anos quando me olhar ao espelho e verificar com desilusão a imagem que irá reflectir, vou passar a minha velha mão por cada ruga vincada no meu rosto. Vou reparar de certeza no meu olhar cansado e triste e no sorriso ainda sincero e genuíno que com toda a certeza irei manter. Não queria de todo envelhecer, o passar do tempo faz a minha alma chorar e soltar gemidos de angústia.
Provavelmente continuarei a olhar a imagem reflectida num espelho que não mente e apesar do passar dos anos sei que vou gostar imenso da mulher que fui, a mulher que travou batalhas em prol da justiça e perdeu, a mulher que se empenhou com garra pelos direitos de quem sofre e perdeu, a mulher que durante toda a sua vida quis lutar por um Mundo melhor. E perdeu!
Gostava de ser mulher coragem e partir além fronteiras deixando tudo para trás.
Aí, se fosse mulher coragem ajudaria corações pequenos mas tão grandes em sofrer e aninhava no meu colo meninos que nunca o foram.
Então, como mulher coragem que era, sentir-me-ia plena de tudo.
Mas não sou. Mulher,sim... coragem, não!