Eram três mulheres, cada uma diferente da outra e com perspectivas desiguais perante a vida. Saíram do bar onde conviveram com alguns amigos, dispostas a dirigirem-se a casa a fim de descansarem o corpo e as mágoas.
Chovia copiosamente. Não convidava de todo a uma corrida até aos respectivos carros. Deixaram-se ficar debaixo do telheiro da velha marisqueira, apesar da noite gélida e chuvosa. Surgiram espontâneamente as confissões da alma. O que cada uma sentia. O que cada uma pensava. O que cada uma sofria. O que cada uma gemia.
A chuva ia caindo com mais força. Continuaram as três debaixo daquele telheiro que escutou todas as confissões e todos os segredos. Nem sequer ligavam a quem passava e as olhava.
Por elas, ficariam ali até de manhã a partilhar e a aliviar tudo o que até agora se encontrava bem fechado na mais profunda intimidade.
Mas a noite falou mais alto.
Cada uma seguiu o seu destino. Com mágoas de alma, mas confiantes no futuro e na amizade que as unia.
A chuva não parava de cair!
Sem tempo, contra o tempo e sem vontade.
Absorta em pensamentos absurdos, permanecem as palavras que ficaram por dizer e que nunca te direi.
Uma coisa é certa. Hei-de nascer de novo para te voltar a encontrar!
Quando penso em ti penso-te com carinho e uma ponta de saudade.
Sobram névoas de lembranças que não me quero lembrar e as palavras embargadas que ficaram por falar.